quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Apenas um curumim

Você conhece esse texto? Ele é bem conhecido, e, hoje eu resolvi compartilha-lo com vocês pois eu tive uma aula com esse texto e vi que tem tudo a ver que eu estou trabalhando aqui no blog, em que depois esplico melhor que é trabalhar com postagens que tenham a ver com a capanha da fraternidade deste ano, 2011.
Leia:

 Caraíbas têm cabeça oca. Deviam ter aprendido muitas lições com o povo filho da terra e não souberam enxergar, nem ouvir, nem sentir. E sofrerão por isso.
 Dia virá em que ficarão com sede, muita sede, e não terão água para beber: os rios e lagoas e valos e regatos e até a água da chuva estarão sujos e podres. E chorarão. E continuarão com sede porque a água do choro é salgada e amarga...
 O tempo da fome temém virá. E a terra estará seca, o chãoo duro. As sementes do milho e a mandioca nãoo nascerão mais  verdes, alimentando a esperança de quarups ao redor do fogo com muita comida e bebida. A caça e peixe também terão fugido ou morrido. E a  fome apertará o estômago do caraíba e ele não podedrá comer nem sua riqueza, nem sua terra nua e estéril.
 Os dias serão sempre mais quentes. E quando o caraíba procurar uma sobra como abrigo, descobrirá que a terra não tem mais árvores.
 As noites serão escuras e frias. Sem lua, sem estrelas. E sem fogueiras quentes.
 E o caraíba, o homem-branco, chorará. E quando acordar de sua imensa estupidez será tarde, muito tarde.
 Eu, Tamãi, o velho pajé, falei.

(ZOTZ, Werner. Apenas um curumim. 20 ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1995, p.14)

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